O comércio de Minas Gerais ainda não tem dados exatos de perdas e demissões, mas já consegue medir o tamanho do impacto após dois meses de lojas fechadas. Desde o começo da pandemia, as projeções pioraram. No dia 3 de abril, uma pesquisa da Fundação João Pinheiro (FJP) estimava uma queda média de 6,8% para o ano. Em um mês, essa estimativa já subiu para uma retração de 9,4%. Isso, considerando o fim do isolamento até 15 de julho. Se a quarentena acabar em agosto, a queda do ano será ainda maior: -11,9%.

Só em março, as vendas caíram 4,64% na capital, segundo levantamento da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH). “Mas os decretos vieram só na segunda metade. Até abril, muitos lojistas ainda conseguiram manter as vagas, portanto, as demissões vão aparecer mais a partir de maio. Por isso, é tão importante a flexibilização para reabertura das lojas, com toda a segurança”, afirma o presidente da CDL, Marcelo de Souza e Silva.

Dona de uma lojas de roupas e calçados, Simone Silva, 42, tem se equilibrado entre prorrogações de dívidas e pedidos de desconto. “Está muito difícil, não entra quase ninguém e, quando a gente vende, é meia ou chinelo”, conta a lojista, que já demitiu uma funcionária. Para outra, eu dei férias, mas peguei empréstimo para pagar o salário dela, renegociei outros financiamentos, além de devolver vários pedidos para meus fornecedores”, conta Simone.

Um levantamento da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Minas Gerais (Fecomércio MG) mostra que até abril, 38% dos empresários registravam perdas entre 80% e 100%.  “Se eles não abrem, não vendem, com o agravante que a maioria são micro e pequenos que não tinha serviço de entrega nem poder de barganha para negociar com os fornecedores”, afirma o economista da Fecomércio, Guilherme Almeida.

Segundo ele, a expectativa é que a prefeitura de Belo Horizonte mantenha o plano de flexibilização gradativa, previsto para começar a partir do dia 25 na capital. “Não é hora de polarizar entre saúde e economia, tem que avaliar a reabertura com os critérios de segurança como distanciamento social e controle da entrada dos clientes”, afirma Almeida.

Na avaliação do economista, a recuperação do setor ainda vai demorar. “Mesmo com a abertura, vamos lidar com a deterioração da renda das pessoas que ficaram desempregadas ou tiveram redução salarial”, destaca.

 

CDL propõe campanha educativa para combate ao coronavírus

A reabertura do comércio em Belo Horizonte está prevista para começar a partir da próxima segunda-feira (25). Mas, de acordo com o prefeito Alexandre Kalil, o processo vai ser gradual e dependerá, exclusivamente, do comportamento da população. Para ajudar na consolidação do plano de retorno do comércio, a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL/BH) propôs uma parceria para ajudar a prefeitura na conscientização da sociedade.

“Nós oferecemos mil faixas para sensibilizar a população a adotar os procedimentos de segurança, como uso de máscaras, além de evitar aglomerações”, explica o presidente da CDL, Marcelo de Souza e Silva.

A CDL aguarda autorização da PBH para dar início à instalação das faixas educativas.